domingo, 22 de março de 2020

Consumo consciente - um ato político


Consumir é um ato político, na medida em que ao comprar um produto se está financiando quem o produz e o vende, e no mundo capitalista, dinheiro é poder, significando dar aquele negócio possibilidades de expansão e crescimento. Por isso é muito importante refletirmos sobre para quem estamos dando esse poder, pois se alimentamos monstros, eles crescem e muito provável que vá acabar nos subjugando para que não tenhamos mais o direito de escolha, e assim esse possa ser sempre alimentado.
Nesse sentido, o consumo consciente compreende o fato do consumidor escolher comprar de empresas e de quem possui o comprometimento com toda a sociedade e com o meio ambiente, ou seja, o bem comum, nosso povo e nossa casa.
A verdadeira política compreende o fato de cada cidadão fazer a sua parte no seu dia-a-dia, a partir de todas as escolhas que faz, a partir de seus hábitos, daquilo que compra, consome, do que apoia, assiste, ouve, as pessoas com quem convive, os lugares que frequenta, assim deixa claro sobre que tipo de pessoa ele quer ver no mundo, se alguém que depreda e destrói esse, ou que cumpre sua obrigação como ser vivo, de corroborar para a multiplicação dos recursos, criando mais possibilidade de abundância. Sejamos, pois, vida, e não morte.
De onde vem o produto que você compra? Quem o produz? Como o produz? Quais e quem são os agentes envolvidos em toda a cadeia produtiva até esse produto chegar em sua casa? Você sabia que você apoia tudo isso? Ao comprar algo, você está financiando alguém, está financiando um tipo de relação de trabalho, um meio de produção, uma empresa, um modelo de sociedade, uma possibilidade de realidade.
A forma como a nossa sociedade está arquitetada, a forma globalizada de produção e consumo, a qual foi impulsionada pela ganância, o imperialismo econômico de grandes corporações, as quais almejam o domínio do mercado mundial, torna suas cadeias produtivas altamente complexas, e a produção dos seus produtos em uma escala astronômica, de modo que se dilui absurdamente a responsabilidade dessas empresas, chegando ao consumidor final um produto totalmente impessoal, ou seja, com o qual esse consumidor não teve a oportunidade de participar e nem de visualizar se quer um terço de sua cadeia produtiva. Esse produto é o alimento que você come, é o travesseiro onde você deita sua cabeça, é o colchão em cima do qual você dorme, é a cadeira onde você senta, é o brinquedo com o qual seu filho brinca, enfim, são produtos que fazem parte de sua vida, mas que você não sabe nada sobre sua procedência, sobre como foi feito, ou quem o fez.
O fato é que a propaganda é a forma dessas grandes corporações, as quais muitas vezes estão do outro lado do mundo, alcançar as mentes das pessoas, implantando nessas o desejo de adquirir seus produtos, os quais sempre devemos buscar refletir, pois a reflexão é fundamental na vida daqueles que possuem consciência, sobre a real necessidade desse produto em sua vida, se de repente tem desse produto perto de você, se não existe um substituto desse produto e que está mais próximo de você. Nesse sentido, o fundamental para que se quebre esse poder de dominação dessas gigantes monstruosas sobre nós, é passarmos a valorizar os produtos e empresas locais, as quais por estar mais próximas de nós, temos condições de lhes conhecer melhor, estabelecer uma relação de diálogo, fazê-las conhecer nossos verdadeiros anseios e expectativas sobre o produto que produzem, enfim. Dessa forma estamos fomentando a economia local, e por essas empresas estarem pertinho de nós, e fazerem parte da mesma cidade, a responsabilidade social genuína torna-se muito mais palpável, pois quem é melhor para cuidar de sua casa se não aquele que mora nela.

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