Consumir é um ato político, na
medida em que ao comprar um produto se está financiando quem o produz e o
vende, e no mundo capitalista, dinheiro é poder, significando dar aquele
negócio possibilidades de expansão e crescimento. Por isso é muito importante
refletirmos sobre para quem estamos dando esse poder, pois se alimentamos
monstros, eles crescem e muito provável que vá acabar nos subjugando para que
não tenhamos mais o direito de escolha, e assim esse possa ser sempre
alimentado.
Nesse sentido, o consumo
consciente compreende o fato do consumidor escolher comprar de empresas e de
quem possui o comprometimento com toda a sociedade e com o meio ambiente, ou
seja, o bem comum, nosso povo e nossa casa.
A verdadeira política compreende
o fato de cada cidadão fazer a sua parte no seu dia-a-dia, a partir de todas as
escolhas que faz, a partir de seus hábitos, daquilo que compra, consome, do que
apoia, assiste, ouve, as pessoas com quem convive, os lugares que frequenta,
assim deixa claro sobre que tipo de pessoa ele quer ver no mundo, se alguém que
depreda e destrói esse, ou que cumpre sua obrigação como ser vivo, de
corroborar para a multiplicação dos recursos, criando mais possibilidade de
abundância. Sejamos, pois, vida, e não morte.
De onde vem o produto que você
compra? Quem o produz? Como o produz? Quais e quem são os agentes envolvidos em
toda a cadeia produtiva até esse produto chegar em sua casa? Você sabia que
você apoia tudo isso? Ao comprar algo, você está financiando alguém, está
financiando um tipo de relação de trabalho, um meio de produção, uma empresa,
um modelo de sociedade, uma possibilidade de realidade.
A forma como a nossa sociedade
está arquitetada, a forma globalizada de produção e consumo, a qual foi
impulsionada pela ganância, o imperialismo econômico de grandes corporações, as
quais almejam o domínio do mercado mundial, torna suas cadeias produtivas
altamente complexas, e a produção dos seus produtos em uma escala astronômica,
de modo que se dilui absurdamente a responsabilidade dessas empresas, chegando
ao consumidor final um produto totalmente impessoal, ou seja, com o qual esse
consumidor não teve a oportunidade de participar e nem de visualizar se quer um
terço de sua cadeia produtiva. Esse produto é o alimento que você come, é o
travesseiro onde você deita sua cabeça, é o colchão em cima do qual você dorme,
é a cadeira onde você senta, é o brinquedo com o qual seu filho brinca, enfim,
são produtos que fazem parte de sua vida, mas que você não sabe nada sobre sua
procedência, sobre como foi feito, ou quem o fez.
O fato é que a propaganda é a
forma dessas grandes corporações, as quais muitas vezes estão do outro lado do
mundo, alcançar as mentes das pessoas, implantando nessas o desejo de adquirir
seus produtos, os quais sempre devemos buscar refletir, pois a reflexão é
fundamental na vida daqueles que possuem consciência, sobre a real necessidade
desse produto em sua vida, se de repente tem desse produto perto de você, se
não existe um substituto desse produto e que está mais próximo de você. Nesse
sentido, o fundamental para que se quebre esse poder de dominação dessas
gigantes monstruosas sobre nós, é passarmos a valorizar os produtos e empresas
locais, as quais por estar mais próximas de nós, temos condições de lhes
conhecer melhor, estabelecer uma relação de diálogo, fazê-las conhecer nossos
verdadeiros anseios e expectativas sobre o produto que produzem, enfim. Dessa
forma estamos fomentando a economia local, e por essas empresas estarem
pertinho de nós, e fazerem parte da mesma cidade, a responsabilidade social
genuína torna-se muito mais palpável, pois quem é melhor para cuidar de sua
casa se não aquele que mora nela.
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