quinta-feira, 30 de abril de 2020

Um pouco de autoconhecimento


"O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora." Hermes Trimegisto
A segunda lei hermética ou lei da correspondência, algo que todas as escolas iniciativas, esotéricas, estudam, e a maçonaria está inclusa. Se refere não apenas ao fato do microcosmo estar relacionado ao macrocosmo, e com isso um influenciar sobre o outro, mas dar a indicação de que devemos conhecer a nós mesmos para que possamos ter alguma indicação sobre o todo, e de que o meio externo é reflexo do interno.
Dito isso, vamos para a neurociência, que em estudos mais recentes constatou que nós seres humanos em nosso processo evolutivo, temos o que se pode chamar de três cérebros: o reptiliano; o límbico; e o néocortex. O primeiro é nosso cérebro primitivo, instintivo, reativo, e que nos foi útil em eras primitivas, de selvageria, onde na condição de seres mais animais do que racionais, nos foi útil sentir medo, stress, adrenalina, para nos impulsionar a caçada, para nos impelir a fuga desesperada, e enfim, sobreviver.
O cérebro límbico, responsável pelas emoções nos trouxe a sensibilidade, os primeiros traços de humanidade, o cuidado, a proteção da prole, a formação das primeiras comunidades, a constituição de laços afetivos, e com isso garantiu nossa multiplicação enquanto espécie humana.
O néocortex é responsável pela visão de longo prazo, tomadas de decisões, vislumbrar possibilidades, fazer escolhas, raciocínio lógico. É a chave para a nossa manutenção e integração a esse planeta, de forma harmônica, respeitosa. Caso contrário, esse planeta que é um organismo vivo e inteligente, pode nos escarrar daqui em um piscar de olhos.
O fato é que o cérebro reptiliano corresponde à metade do que nos comanda, ou seja, ainda somos enquanto espécie humana muito instintivos, movidos por necessidades primárias, atormentados por medos. Praticamente a outra metade do nosso comando quem dita é o límbico, são nossas emoções, as quais oscilam, e ai vem raiva, irritação, ciúmes, inveja, orgulho, etc. E sobra apenas 7% de comando inerente ao néocortex. Ou seja, precisamos mais exercitar a razão, as decisões não egoísticas, e ver a longo prazo, pensar no bem coletivo e não só no eu, ou nos meus.
Para tanto, “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” – óraculo de Delfos - dessa forma saberás quem está lhe comandando, e com consciência poderás entregar-te ao comando maior, de uma evolução que ver tudo de forma integrada, holística, e visa sempre o bem, harmonia do TODO.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

A cura


A Cura

A cura para todas as doenças, dores, adversidades, é a consciência. Dores, doenças e situações adversas só chegam ao ponto de ocorrer, após um processo que leva a elas, na medida em que compreendem um sinal de alerta, quando as coisas chegaram a um ponto de gravidade, de sedimentação, por assim dizer. Nesse sentido, estar consciente é perceber o início desse processo e ter a possibilidade de escolher evita-lo, ou seja, não percorrer esse caminho da dor, adversidade e doenças. Desde muito tempo que nossa sociedade prega a ideia de que as doenças, as dores e as adversidades tem a capacidade de nos fortalecer, o que é um equívoco que nos leva enquanto seres humanos validarmos e com isso caminhar em direção as dores, doenças e adversidades. O fato não é que essas nos tornam mais fortes, mas como sendo um resultado da sedimentação, da materialização, ou ainda somatização de conflitos emocionais não resolvidos e ignorados, ou ainda padrões de pensamentos negativos, ou comportamentos e hábitos, mesmo no âmbito mais concreto, como alimentação, etc., chegam no seu “fim de linha”, ao que temos a dor, a doença, a adversidade, que vem como que para nos sacudir, nos tirar do automático, e com isso nos proporcionar a mudança necessária, o desvio de rota mais que necessário, tendo em vista o fato de que se se continuar andando naquela direção, se encontrará a morte, ou suicídio “inconsciente”. Por tanto, as dores, doenças e adversidades, são um sinal de alerta para aqueles que não estão despertos ou conscientes.
O estado de estar consciente é um estado de percepção dos nossos processos orgânicos – inerente ao corpo físico -, mental – inerente a nossa psique – e espiritual, o qual perpassa pelo campo quântico das possibilidades, seus desdobramentos ou consequências, resultando assim em ações, condutas, comportamentos e escolhas responsáveis, as quais sempre tendem a corroborar para a vida, a abundância, a manutenção do Todo, do qual fazemos parte, e que por sua vez se o ofendermos ou destruí-lo, estaremos atingindo necessariamente a nós mesmos.
De modo a se compreender melhor o que foi dito acima, pensemos em uma pessoa inconsciente como um cego, que por não enxergar com os olhos físicos, muitas vezes estar a caminhar em direção a um poste. Ora, se ele continuar andando nessa direção, inevitavelmente vai bater no poste e tenderá a se machucar, a não ser que desvie, tome outra direção. É claro que tem muitos cegos, ou seja, que não enxergam com seus olhos físicos, que são muito mais perspicazes, atentos e conscientes, do que muita gente que tem seus dois olhos funcionando bem, e ainda assim vivem no automático, não percebendo nada em sua volta, nem em si mesmo, em seus processos internos, estando esses adormecidos, chegando mesmo a ter que bater no poste a sua frente, para poder percebê-lo.
Esse universo no qual vivemos é um universo de reflexões, o que significa que ele apenas reflete todas as nossas ações, pensamentos, palavras. Assim, aquele que insiste em culpar algo ou alguém, está negando a si mesmo a oportunidade de adquirir consciência, a qual perpassa pela responsabilização de si mesmo enquanto ser humano – palavra que vem de húmus, matéria orgânica - aquele que fertiliza a vida que se manifesta das mais infinitas formas, que cria, transforma, alimenta as possibilidades, tornando-as reais.
O tempo que estamos vivendo, não é mais de isenção, pelo contrário, mas de responsabilização por tudo o que aí está, de modo que cada um individualmente é o responsável pelo estado de coisas vigente, cabendo a cada um individualmente mudar a sua conduta, buscar meios e alternativas para se libertar das amarras ilusórias que criou, da dependência de um sistema que nos consome a todos. Nunca o mundo esteve tão repleto de informações, de conhecimento, e nunca esse acesso a informação esteve tão amplamente difundido, nesse sentido, a ignorância, tem deixado de ser argumento para a não mudança, sendo antes de tudo a razão para não mudar, a displicência, o apego, o vício, o comodismo, a inércia.

O argumento econômico


Na iminência de mudanças em um contexto global, como por exemplo, aquelas que se referem ao meio ambiente, mudanças na dinâmica e estilo de vida da sociedade, entre outras mudanças de maior impacto, sempre surgem os defensores da economia, alegando que mudanças que tenderão a promover impactos maiores na economia devem ser evitadas.
                Esse argumento econômico tem como fundamento a manutenção a todo custo da economia vigente, colocando-a acima de tudo e de todos, acima do meio ambiente, ou seja, o ar que respiramos, a água que bebemos, a comida que comemos, em suma nossa casa, o planeta Terra, o nosso abrigo, e acima da própria vida, seja ela animal, seja ela humana.
Vejamos um exemplo prático:
Por um lado, temos os carros movidos a combustível fóssil (petróleo) – gasolina, diesel -, e por outro os carros movidos a eletricidade. Bom, os carros movidos a eletricidade não poluem o ar, pois não emitem fumaça de nenhum tipo, tem uma excelente eficiência e performance, atingindo altas velocidades, percorrendo centenas de quilômetros sem precisar recarregar, podendo ter designer de primeira qualidade, e claro que se forem produzidos em larga escala poderão ter seu preço reduzido significativamente. Outra coisa bem interessante em relação aos carros elétricos é sua durabilidade, precisando de manutenção ínfima pois não requer troca de óleo, filtro, não possuem motor, etc. Logo, também não geram muitos resíduos, algo comum de carros quando submetidos a revisão.
Vejamos agora os carros movido a petróleo. Bom, esses emitem poluentes que danificam nossos pulmões e são causas de várias doenças pulmonares. Ponto positivo para a economia, pois com isso faz a economia girar, pois a dependência de combustível fóssil requer a necessidade da atividade constante da indústria petrolífera em retirar o petróleo das profundezas da terra, enviá-lo para refinarias, fazer a distribuição de gasolina e diesel para os postos de combustível, dessa forma já são várias pessoas empregadas; além disso, tem os hospitais com os profissionais da saúde que vão ter que tratar diversas pessoas com problemas de asma, bronquite, rinite, pneumonia, doenças alérgicas, entre outras, e claro, tem a indústria farmacêutica que precisará produzir uma infinidade de medicamentos, os quais serão comprados pelos hospitais, serão receitados pelos médicos e comprados pelos pacientes nas farmácias, o que significa mais um monte de gente empregada, produção e consumo, dinheiro circulando; tem também a manutenção dos veículos, muitas peças vendidas pelas montadoras de veículos para oficinas, que farão a reposição dessas nos veículos movidos a combustível fóssil, que pelo fato de serem a combustão sofrem diversos desgastes de suas peças, além de possuírem elementos cuja troca é periódica, como  o óleo do motor, e outras.
Sem falar no fato de que quando ocorrem acidentes com navios petroleiros, mobiliza-se a mídia para noticiar, os ambientalistas para condenar, e empresas especializadas em “descontaminação” dos oceanos são acionadas, e multas ambientais são aplicadas. Enfim, a cadeia é longa, de modo que quanto maior essa, quanto mais desastres e danos provoca, melhor, pois movimenta o mercado de ações, governos, grandes corporações, etc.
Em suma, a economia atual tem sua sustentação na miséria, na doença, nos desastres, na poluição, na sujeira, pois se não sujar, não haverá necessidade de alguém pra limpar; se não adoecer, não haverá a necessidade de hospitais e nem demanda por medicamentos; se não poluir, a mídia não terá o que noticiar; se não houver miséria, em cima do que ou de quem os que tem mais poder aquisitivo vão se promover, ou quem vai financiar esse sistema econômico sujo e irracional, já que ao miserável a primeira coisa que falta é a educação, a inteligência e o ócio criativo que o permite se dedicar a pensar e criar novas possibilidades.
O fato é que a economia atual se preocupa em criar inúmeros problemas e inúmeros paliativos, jamais soluções, sobretudo definitivas, pois essas significam o encerramento de cadeias e não sua continuidade, o que em outras palavras significa eliminar a possibilidade de ganhar dinheiro, ou de fazê-lo circular. Isso se deve ao fato de que a economia vigente é controlada por poucos e por pessoas que são extremamente gananciosas e egocêntricas, e por essa razão requerem que o dinheiro sempre volte para elas, sempre esteja fluindo para elas, e na perspectiva dessas pessoas, a melhor forma disso acontecer são elas criando os problemas e as soluções, ou seja, as diretrizes ou paradigma sob o qual a sociedade será conduzida.
Quando não se tem como base o egocentrismo, a confiança nas pessoas e em algo maior são as forças que nos norteia, e assim, permite-se que a abundância se estabeleça na medida em que cada indivíduo terá a possibilidade de contribuir com o que tem de melhor para o todo, e uma infinidade de ideias e de criações ira surgir, não tendo como base o egoísmo, mas o bem de todos, ou seja, algo muito maior, pois somente o Todo pode validar as nossas ações, e não eu próprio, ou o outro, haja vista o fato de que nossas visões são limitadas e tendenciosas.

domingo, 22 de março de 2020

A força da união


Podemos também construir o mundo que queremos nos juntando, pois nunca na história de nosso planeta estivemos com tantos recursos a mão e com tantas possibilidades, cabendo a nós apenas escolhermos o que queremos e nos juntar de modo a concretizar a realidade que almejamos. Ora, cada um de nós possui diversos talentos, capacidades, conhecimentos, de modo que podemos nos organizar e praticar algo valiosíssimo, que é a autogestão, sem que precisemos esperar pelo Estado, por empresas, ou por terceiros, que muitas vezes de tão afundados que estão no egoísmo, na ganância e na vaidade que o poder os coloca, estão muito alheios as nossas demandas, de modo que no fim das contas, não temos mais nenhuma desculpa para dar, para sermos o que queremos ser e construir a realidade que queremos.
Um grupo de pessoas tem maior poder de barganha, de convencimento, de argumentação, de pressão social, de ação, de movimentação. Se uma pessoa tem duas pernas, dois braços, dois olhos, duas orelhas, um nariz, uma boca, quanto mais pessoas envolvidas, multiplicam-se as pernas, braços, olhos, orelhas, nariz, boca, imagine o que acontece com os cérebros, considerando o fato de que um só já é uma fonte extraordinária de criatividade, imaginação, inteligência.
Precisamos reaprender a olhar as pessoas por trás das coisas, e nos relacionarmos com as pessoas, pois as coisas não são por si só, elas só existem porque pessoas as fizeram, e a essas pessoas devemos dar toda a importância. A pessoa que plantou, a pessoa que colheu, a pessoa que transportou o alimento que chegou até a minha mesa. E essas pessoas que plantaram, colheram e entregaram o alimento que chegou a minha mesa, precisam aprender a se relacionar comigo, pois o dinheiro não existe por si só, e se elas se relacionam só com o dinheiro, eu posso procurar pessoas que produzem um alimento para mim, ao invés de uma carteira ou conta bancária que só visam o dinheiro. Isso se chama responsabilidade, quando se pensa nas pessoas envolvidas, tanto o consumidor que deve pensar em quem produz, quanto o produtor deve pensar em quem consome, e assim estabeleceremos relações mais saudáveis e humanas, de maior proximidade e consideração uns pelos outros.
O fato é que o principal responsável pela continuidade do modelo econômico-social vigente é o individualismo e egoismo. Enquanto for cada um por si, todos serão alvos fáceis da manipulação, pois serão todos igualmente vulneráveis, igualmente sozinhos e dependentes do sistema. No entanto, a partir do momento em que nos unimos e estreitamos nossas relações, as quais são comumente "congeladas" pelo trabalho excessivo, por trás do qual nos escondemos e expressamos sempre um ar de importância, de estar sempre ocupado, o calor humano "quebra o gelo", e contagia, tendo o poder de nos tornar humanos novamente, quebrando o chip dessa programação robótica, automática que a "correria" do dia-a-dia nos impõe.
Assim, não há outra saída, precisamos nos envolver uns com os outros, dialogar, deixar nossos medos e diferenças de lado e reconhecer que precisamos uns dos outros, que sozinhos estamos fadados a dominação, e juntos temos a possibilidade de construirmos relações mais humanas e sinceras. A final, estamos todos no mesmo barco. É fundamental a empatia, colocar-se no lugar do outro. Acredite, as angústias, as dores, os sofrimentos que tu tens, são mútuos, a final, vivemos todos em uma mesma sociedade.

Como e de quem comprar


Infelizmente ainda são poucas as empresas que possuem de fato responsabilidade social e com o meio ambiente, e que se preocupam em produzir algo de qualidade, se organizando em forma de cooperativa, na qual todos são donos do negócio em questão e o fazem porque gostam, com amor e dedicação e respeito aos seus clientes.
Mas a boa notícia é que essas empresas existem, e estão aos poucos se multiplicando e exitem também muitas pessoas dispostas a comprar dessas empresas, dispostas a financiá-las, de modo que as boas iniciativas cresçam e juntos possamos construir uma nova sociedade, mais consciente e responsável.
Foi falado no texto anterior, sobre a valorização das empresas locais, por essas estarem ao nosso alcance a ponto de podermos saber mais sobre como se dar seu processo produtivo, relações trabalhistas, com o meio ambiente, etc., no entanto, na falta de empresas locais responsáveis para determinados nichos de produtos, também está valendo empresas de fora, pois é sempre importante escolhermos bem quem estaremos financiando ao consumir determinado produto.
Antes de decidir consumir de outra empresa vale a pena tentar entrar em contato com a empresa, de quem você já compra certos produtos,  seja por meio do SAC, ou outro meio de comunicação, de modo a lhe deixar um feedback sobre o porque você está decidindo consumir de outra empresa, assim você estará estimulando a realização de mudanças nessa empresa.
Com o advento da internet, mesmo estando espacialmente distantes, temos condições de nos comunicar de forma instantânea uns com os outros, inclusive de fazer compras de empresas realmente responsáveis, ainda que distantes, sendo o único entrave encarecedor desse pedido, conforme a distância que estamos dessa empresa, o frete. No entanto, a melhor maneira de contornarmos esse peso, é dividi-lo com mais pessoas, e assim formarmos o que se chama de "grupo de consumidores conscientes", os quais conforme os produtos disponíveis no site de determinada empresa, por meio de planilhas podem cada um colocar quais os produtos que deseja e as respectivas quantidades, e assim no final se consolida todos os pedidos em um só, fazendo assim uma compra única, sendo apenas o frete dividido entre todos os membros do grupo.
Tendo em vista a pouca disponibilidade de pessoas responsáveis com o Todo em nossa sociedade, para que sejamos consumidores conscientes, precisamos pesquisar, precisamos nos unir com outros consumidores conscientes e formar grupos de consumidores conscientes para fazer compras coletivas, precisamos deixar essa postura comum acomodada, a qual as grandes corporações e governos por meio da globalização e da mídia nos condicionaram, de ter as coisas ali diante de nós de forma imediatista e prática. Precisamos reaprender a fazer as coisas por nós mesmos, isso se quisermos do nosso jeito, se quisermos bem feito, se quisermos imprimir responsabilidade nas coisas em nossa volta, a não ser que você queira continuar sendo um mero consumidor alienado, consumindo produtos que sustentam um modelo social explorador, depredador do meio ambiente, que vende comida envenenada, que visa acima de tudo e a todo custo, o lucro.

Se você desejar, temos algumas indicações de empresas que produzem alimentos orgânicos diversos. Para tanto, basta deixar seu comentário solicitando a lista dessas empresas e seu endereço de e-mail. Também temos como disponibilizar material com mais detalhes e dicas de como formar um grupo de consumidores conscientes.

Consumo consciente - um ato político


Consumir é um ato político, na medida em que ao comprar um produto se está financiando quem o produz e o vende, e no mundo capitalista, dinheiro é poder, significando dar aquele negócio possibilidades de expansão e crescimento. Por isso é muito importante refletirmos sobre para quem estamos dando esse poder, pois se alimentamos monstros, eles crescem e muito provável que vá acabar nos subjugando para que não tenhamos mais o direito de escolha, e assim esse possa ser sempre alimentado.
Nesse sentido, o consumo consciente compreende o fato do consumidor escolher comprar de empresas e de quem possui o comprometimento com toda a sociedade e com o meio ambiente, ou seja, o bem comum, nosso povo e nossa casa.
A verdadeira política compreende o fato de cada cidadão fazer a sua parte no seu dia-a-dia, a partir de todas as escolhas que faz, a partir de seus hábitos, daquilo que compra, consome, do que apoia, assiste, ouve, as pessoas com quem convive, os lugares que frequenta, assim deixa claro sobre que tipo de pessoa ele quer ver no mundo, se alguém que depreda e destrói esse, ou que cumpre sua obrigação como ser vivo, de corroborar para a multiplicação dos recursos, criando mais possibilidade de abundância. Sejamos, pois, vida, e não morte.
De onde vem o produto que você compra? Quem o produz? Como o produz? Quais e quem são os agentes envolvidos em toda a cadeia produtiva até esse produto chegar em sua casa? Você sabia que você apoia tudo isso? Ao comprar algo, você está financiando alguém, está financiando um tipo de relação de trabalho, um meio de produção, uma empresa, um modelo de sociedade, uma possibilidade de realidade.
A forma como a nossa sociedade está arquitetada, a forma globalizada de produção e consumo, a qual foi impulsionada pela ganância, o imperialismo econômico de grandes corporações, as quais almejam o domínio do mercado mundial, torna suas cadeias produtivas altamente complexas, e a produção dos seus produtos em uma escala astronômica, de modo que se dilui absurdamente a responsabilidade dessas empresas, chegando ao consumidor final um produto totalmente impessoal, ou seja, com o qual esse consumidor não teve a oportunidade de participar e nem de visualizar se quer um terço de sua cadeia produtiva. Esse produto é o alimento que você come, é o travesseiro onde você deita sua cabeça, é o colchão em cima do qual você dorme, é a cadeira onde você senta, é o brinquedo com o qual seu filho brinca, enfim, são produtos que fazem parte de sua vida, mas que você não sabe nada sobre sua procedência, sobre como foi feito, ou quem o fez.
O fato é que a propaganda é a forma dessas grandes corporações, as quais muitas vezes estão do outro lado do mundo, alcançar as mentes das pessoas, implantando nessas o desejo de adquirir seus produtos, os quais sempre devemos buscar refletir, pois a reflexão é fundamental na vida daqueles que possuem consciência, sobre a real necessidade desse produto em sua vida, se de repente tem desse produto perto de você, se não existe um substituto desse produto e que está mais próximo de você. Nesse sentido, o fundamental para que se quebre esse poder de dominação dessas gigantes monstruosas sobre nós, é passarmos a valorizar os produtos e empresas locais, as quais por estar mais próximas de nós, temos condições de lhes conhecer melhor, estabelecer uma relação de diálogo, fazê-las conhecer nossos verdadeiros anseios e expectativas sobre o produto que produzem, enfim. Dessa forma estamos fomentando a economia local, e por essas empresas estarem pertinho de nós, e fazerem parte da mesma cidade, a responsabilidade social genuína torna-se muito mais palpável, pois quem é melhor para cuidar de sua casa se não aquele que mora nela.

O descortinar de um novo mundo

Você pode estar pesquisando sobre algumas palavras-chaves no Google mesmo, ou no YouTube, e se debruçar sobre essas temáticas que caso você nunca o tenha feito, farão descortinar diante de seus olhos, um universo de maravilhosas possibilidades. Essas palavras-chaves são: permacultura; economia solidária; fluxonomia 4D; pedagogia Waldorf; minimalismo; grupo de consumo responsável; CSA - comunidade que sustenta a agricultura; agricultura sintrópica; entre outros.

A base de todos esses conceitos é a integração entre homem e natureza, é reconhecer o fato de que pertencemos a natureza, fazemos parte dela, logo, temos uma responsabilidade para com ela, pois dela viemos, para ela voltaremos, e dela dependemos, a todo momento; a consciência de nosso papel enquanto seres humanos para a nossa auto-evolução e de nossos semelhantes. Em suma, a solidariedade, o amor incondicional.

Vale ressaltar aqui que o que propomos como solução para o nosso planeta e nossas próprias vidas, não é apropriar-se da política tal como ela existe em nosso mundo atual, ou da economia tal como essa é concebida, ou ainda da mídia, enfim, não tem nada haver com controlar os meios de produção, ou brigar com o sistema imposto, até porque consideramos isso como "dar murro em ponta de faca". Nesse sentido a premissa fundamental para a transformação, a qual propomos é: "seja você a mudança que quer ver no mundo". E assim vamos fazendo cada um e de forma coletiva, nos unindo com aqueles que pensam parecido com nós, que também se sentem deslocado ou em estado de inquietação em relação ao estado de coisas vigentes, a nossa parte, nos organizando e aos poucos construindo de forma efetiva possibilidades reais de uma nova forma de se viver, independente do sistema.
Lembre-se sempre: para que algo cresça, é necessário que seja alimentado. Assim Ghandi e os seus compatriotas indianos venceram o domínio britânico sobre seu país, com a não violência, com boicote, reforçando e acreditando no que tinham de melhor, se organizando, se autogerindo enquanto povo.
Seguindo essa linha de raciocínio, o que propomos aqui é que nos organizemos no sentido de correr atrás de uma autonomia e independência em relação aquilo que claramente reconhecemos como sendo nocivos para toda a sociedade, e que obviamente simplesmente não queremos mais alimentar.
Essa é a forma mais verdadeira e efetiva de se fazer política, é pelo exemplo, pela prática, é por meio de sua escolha no seu dia-a-dia. Ora, se sabemos que o nosso modelo de sociedade atual está todo fundamentado na produção e consumo, sendo aqueles que controlam os meios de produção os que ditam as formas de se viver de toda uma sociedade, algo simples que podemos fazer para mudar esse estado de coisas, é passarmos a escolher consumir ou comprar, de quem não envenena a comida que me vende, de quem não escraviza seus funcionários, de quem não degrada o meio ambiente, de quem não tenta manipular a mente das pessoas por meio de propagandas estúpidas, de quem só tem sede de poder e ganância, de quem está aliado a governos em prol de se manter sempre na condição de explorador e enriquecedor as custas das massas.
Dai você pode perguntar: "mas como posso fazer isso, se o que predomina são empresas e grandes corporações que só visam o lucro e para tanto exploram o meio ambiente e seus funcionários?"

Nos próximos posts apresentaremos mais detalhes sobre como sair dessa "sinuca de bico", que aliás é mais sobre o que "eles" querem que você pense, do que é o que é de fato. Há alternativas sim!