Na iminência de mudanças em um contexto global, como por exemplo, aquelas que se referem ao meio ambiente, mudanças na dinâmica e estilo de vida da sociedade, entre outras mudanças de maior impacto, sempre surgem os defensores da economia, alegando que mudanças que tenderão a promover impactos maiores na economia devem ser evitadas.
Esse argumento econômico tem como
fundamento a manutenção a todo custo da economia vigente, colocando-a acima de
tudo e de todos, acima do meio ambiente, ou seja, o ar que respiramos, a água
que bebemos, a comida que comemos, em suma nossa casa, o planeta Terra, o nosso
abrigo, e acima da própria vida, seja ela animal, seja ela humana.
Vejamos um exemplo prático:
Por um lado, temos os carros movidos a combustível fóssil
(petróleo) – gasolina, diesel -, e por outro os carros movidos a eletricidade.
Bom, os carros movidos a eletricidade não poluem o ar, pois não emitem fumaça
de nenhum tipo, tem uma excelente eficiência e performance, atingindo altas
velocidades, percorrendo centenas de quilômetros sem precisar recarregar,
podendo ter designer de primeira qualidade, e claro que se forem produzidos em
larga escala poderão ter seu preço reduzido significativamente. Outra coisa bem
interessante em relação aos carros elétricos é sua durabilidade, precisando de
manutenção ínfima pois não requer troca de óleo, filtro, não possuem motor,
etc. Logo, também não geram muitos resíduos, algo comum de carros quando
submetidos a revisão.
Vejamos agora os carros movido a petróleo. Bom, esses
emitem poluentes que danificam nossos pulmões e são causas de várias doenças
pulmonares. Ponto positivo para a economia, pois com isso faz a economia girar,
pois a dependência de combustível fóssil requer a necessidade da atividade
constante da indústria petrolífera em retirar o petróleo das profundezas da
terra, enviá-lo para refinarias, fazer a distribuição de gasolina e diesel para
os postos de combustível, dessa forma já são várias pessoas empregadas; além
disso, tem os hospitais com os profissionais da saúde que vão ter que tratar
diversas pessoas com problemas de asma, bronquite, rinite, pneumonia, doenças
alérgicas, entre outras, e claro, tem a indústria farmacêutica que precisará
produzir uma infinidade de medicamentos, os quais serão comprados pelos
hospitais, serão receitados pelos médicos e comprados pelos pacientes nas
farmácias, o que significa mais um monte de gente empregada, produção e
consumo, dinheiro circulando; tem também a manutenção dos veículos, muitas
peças vendidas pelas montadoras de veículos para oficinas, que farão a
reposição dessas nos veículos movidos a combustível fóssil, que pelo fato de
serem a combustão sofrem diversos desgastes de suas peças, além de possuírem
elementos cuja troca é periódica, como o
óleo do motor, e outras.
Sem falar no fato de que quando ocorrem acidentes com
navios petroleiros, mobiliza-se a mídia para noticiar, os ambientalistas para
condenar, e empresas especializadas em “descontaminação” dos oceanos são
acionadas, e multas ambientais são aplicadas. Enfim, a cadeia é longa, de modo
que quanto maior essa, quanto mais desastres e danos provoca, melhor, pois
movimenta o mercado de ações, governos, grandes corporações, etc.
Em suma, a economia atual tem sua sustentação na miséria,
na doença, nos desastres, na poluição, na sujeira, pois se não sujar, não
haverá necessidade de alguém pra limpar; se não adoecer, não haverá a
necessidade de hospitais e nem demanda por medicamentos; se não poluir, a mídia
não terá o que noticiar; se não houver miséria, em cima do que ou de quem os
que tem mais poder aquisitivo vão se promover, ou quem vai financiar esse
sistema econômico sujo e irracional, já que ao miserável a primeira coisa que
falta é a educação, a inteligência e o ócio criativo que o permite se dedicar a
pensar e criar novas possibilidades.
O fato é que a economia atual se preocupa em criar inúmeros
problemas e inúmeros paliativos, jamais soluções, sobretudo definitivas, pois
essas significam o encerramento de cadeias e não sua continuidade, o que em
outras palavras significa eliminar a possibilidade de ganhar dinheiro, ou de
fazê-lo circular. Isso se deve ao fato de que a economia vigente é controlada
por poucos e por pessoas que são extremamente gananciosas e egocêntricas, e por
essa razão requerem que o dinheiro sempre volte para elas, sempre esteja
fluindo para elas, e na perspectiva dessas pessoas, a melhor forma disso
acontecer são elas criando os problemas e as soluções, ou seja, as diretrizes
ou paradigma sob o qual a sociedade será conduzida.
Quando não se tem como base o egocentrismo, a confiança nas
pessoas e em algo maior são as forças que nos norteia, e assim, permite-se que
a abundância se estabeleça na medida em que cada indivíduo terá a possibilidade
de contribuir com o que tem de melhor para o todo, e uma infinidade de ideias e
de criações ira surgir, não tendo como base o egoísmo, mas o bem de todos, ou
seja, algo muito maior, pois somente o Todo pode validar as nossas ações, e não
eu próprio, ou o outro, haja vista o fato de que nossas visões são limitadas e
tendenciosas.